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Qual a importância do Ponto de Equilíbrio Financeiro e como calculá-lo na empresa?

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Qual a importância do Ponto de Equilíbrio Financeiro e como calculá-lo na empresa?

O Ponto de Equilíbrio Financeiro é uma prática muito utilizada nas empresas para evitar que elas fiquem no vermelho e correndo o risco de fecharem as portas com grandes prejuízos aos empreendedores, ou ainda, que o negócio vá “se acabando aos poucos”.

Além disso, por mais que este seja um assunto básico na administração de empresas, muitos empreendedores de primeira viagem, ou que não se prepararam totalmente para liderarem seus negócios, acabam desconhecendo a importância que o Ponto de Equilíbrio Financeiro tem.

Se esse é o seu caso, no post de hoje vamos te explicar em detalhes o que é o Ponto de Equilíbrio Financeiro, em que casos ele se encaixa na empresa, como calculá-lo, e, ainda, daremos alguns exemplos palpáveis para você entender e aplicar em seu negócio.

Se no final você ficou com alguma dúvida ou quer compartilhar a sua experiência nesse tema conosco, deixe o seu comentário.

O que é o Ponto de Equilíbrio Financeiro?

Também conhecido como Break Even Point, o Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF) é o valor mínimo que a sua empresa precisa faturar para não ter prejuízo. Em outras palavras, é a quantia necessária para que o negócio não perca dinheiro, mas também não ganhe – isto é, aqui a margem de lucro não é considerada.

Portanto, se a empresa faturou exatamente a quantia que precisa para custear as despesas, ela encontrou o PEF; se faturou menos, ela teve prejuízo; se faturou mais, ela teve lucro.

Um exemplo simples: se a sua empresa precisa faturar R$ 20 mil para pagar todas as contas em um determinado mês, e se ela realmente consegue faturar esses R$ 20 mil, significa que não vai sobrar dinheiro – mas também não vai faltar, pois as contas permanecerão em dia. Se você faturar R$ 20.100,00, significa que você ultrapassou o PEF e lucrou R$ 100,00.

É importante ter em mente que o Ponto de Equilíbrio Financeiro não é uma meta empresarial, mas deve ser encarada como uma referência. Afinal de contas, o objetivo de toda empresa é gerar lucro. Isso quer dizer que na prática o PEF é um ponto de partida para o seu faturamento (o seu faturamento mínimo), mas para a empresa crescer, ela precisa ultrapassar esse mínimo e lucrar.

Qual é a importância do PEF para as empresas?

  • O PEF ajuda o empresário a refletir sobre a viabilidade do negócio e/ou investimento, além de adequar a empresa ao mercado.
  • Ajuda a determinar quando a empresa começará a ter lucro.
  • Auxilia no estabelecimento dos preços dos produtos e serviços.
  • Ajuda a saber o momento de igualdade financeira entre as despesas e as receitas no mesmo período. Com isso, os diretores e gestores conseguem averiguar o faturamento mínimo mensal que a empresa precisa ter para conseguir pagar as contas.
  • Auxilia os líderes a adequarem o planejamento orçamentário com informações financeiras mais concretas, ajudando na tomada de decisão.
  • É possível verificar qual a quantidade necessária de vendas a serem feitas para manter a empresa com as contas em dia, visando metas de lucratividade.
  • Ajuda os gestores financeiros a verificar formas de reduzir os custos (por exemplo, renegociando valores com fornecedores ou procurando outras opções).
  • Abre a possibilidade de criar uma política de lucro por demanda. Por exemplo: a empresa atingiu 200% do PEF, logo é possível aumentar a Margem de Contribuição mínima para comercialização (entenderemos melhor esse tópico a seguir).
  • Ajuda a empresa a se reorganizar em situações de instabilidade do mercado ou quando ela passa por um grande prejuízo financeiro.

Como calcular o Ponto de Equilíbrio Financeiro?

Apesar de ter fundamental importância, como vimos acima, o cálculo do Ponto de Equilíbrio Financeiro é muito simples de ser feito. A equação é esta:

PEF = Despesas fixas / Margem de contribuição

Vamos entender o que significam os termos “despesas fixas” e “margem de contribuição”?

Despesas fixas

Sãos os custos que a empresa tem para se manter em operação, independentemente de sua produção. Isso inclui, por exemplo:

  • aluguel do escritório ou do ponto de venda;
  • salários;
  • água, eletricidade, gás, telefone, internet, etc.;
  • materiais de escritório, higiene e limpeza;
  • serviços de manutenção, limpeza e segurança.

Não entram nesse cálculo os gastos com produtos que serão revendidos ou gastos com matéria-prima para produção, além de impostos sobre as vendas e comissão dos vendedores, pois estes valores já estão embutidos no preço de venda do produto.

Margem de contribuição

A margem de contribuição é o ganho bruto sobre as vendas. Na prática, é a soma dos custos de produção e as despesas variáveis que incidem sobre eles, como por exemplo:

  • custos dos produtos ou insumos comprados do fornecedor;
  • impostos e tributos;
  • comissão dos vendedores.

O resultado dessa soma é o valor da margem de contribuição do seu negócio. Você pode utilizar a seguinte equação:

Margem de contribuição (MC) = Faturamento – Despesas variáveis

A margem de contribuição, na prática, é calculada sob a forma de percentual, sendo um cálculo essencial para se chegar ao preço de venda dos produtos.

Para um conhecimento mais detalhado sobre como calcular a margem de contribuição, leia esse post aqui.

Entendido os termos da equação, vamos a três exemplos práticos sobre como calcular o Ponto de Equilíbrio Financeiro:

# Exemplo 1

Vamos supor que você tenha uma empresa que vende capas de celular e a despesa fixa seja de R$ 10 mil por mês. Isto é, independentemente de como vão os negócios, você tem R$ 10 mil de contas a pagar.

Vamos supor, também, que para cada R$ 100 de venda, a sua empresa tem R$ 50 de margem de contribuição (ou seja, os outros R$ 50 são destinados a impostos, fornecedores, comissão dos vendedores, etc.). Isso significa que a sua margem de contribuição é de 50%.

Nesse caso, o Ponto de Equilíbrio Financeiro, ou seja, o valor mínimo que você precisa faturar para custear as suas despesas e não ficar no prejuízo é de:

PEF = Despesas fixas / Margem de contribuição

PEF = R$ 10.000,00 / 50% (ou 0,50)

PEF = R$ 20.000,00

# Exemplo 2

Imagine que a mesma empresa acima, que tenha uma despesa fixa de R$ 10 mil, tenha uma margem de contribuição menor, de apenas 35%. Então:

PEF = Despesas fixas / Margem de contribuição

PEF = R$ 10.000,00 / 35% (ou 0,35)

PEF = R$ 28.571,43

Nos dois exemplos acima, você deve ter percebido que quanto menor a margem de contribuição, mais a empresa precisa faturar para se alcançar o Ponto de Equilíbrio Financeiro, certo? Mas como assim?

Quando uma empresa aumenta a margem de contribuição dos produtos que vende, significa que ela está diminuindo os custos e as despesas variáveis associados a cada produto – aumentando a quantidade de receita que cada produto gera.

Isso porque como o cálculo da margem de contribuição é “faturamento – despesas variáveis”, se a gente diminuir as despesas variáveis, consequentemente o faturamento será maior, assim como a margem de contribuição, entende?

Nesse caso, o resultado é a diminuição do Ponto de Equilíbrio Financeiro, ou seja, a empresa precisa gerar menos receita para obter um lucro depois de aumentar a margem de contribuição. Mas como aumentar a margem de contribuição para que o valor a ser arrecadado para cobrir os custos seja menor?

Simples: diminuindo os custos variáveis associados a cada produto – que como vimos acima, são despesas como impostos, comissões, matéria-prima, etc. Com essas despesas diminuídas, o faturamento sob as vendas aumenta e a empresa começa a gerar lucro com o tempo.

Aumentar a margem de contribuição dos produtos também significa, portanto, que a empresa precisa aumentar o lucro gerado por cada produto.

# Exemplo 3

Vamos supor que a sua mesma empresa de capa de celular tenha uma despesa fixa anual R$ 50 mil para se manter de pé e cada capinha que a sua empresa comercializa tenha um custo de R$ 10 para ser produzida, sendo que você vende ao consumidor por R$ 13.

Nesse caso, a sua margem de contribuição é de R$ 3, ou 23% do preço de venda, pois:

MC = Faturamento – Despesas variáveis

MC = R$ 13,00 – R$ 10,00

MC = R$ 3,00 (equivalente a 23%)

Nesse, caso o seu Ponto de Equilíbrio Financeiro é:

PEF = Despesas fixas / Margem de contribuição

PEF = R$ 50.000,00 / 23% (ou 0,23)

PEF = R$ 217.391,30

Ou seja, a sua empresa precisa ter uma receita bruta de, no mínimo, R$ 217.391,30 para permanecer aberta durante o ano sem ter prejuízo.

Dicas extras para calcular o Ponto de Equilíbrio Financeiro

A seguir separamos 4 dicas práticas para te ajudar a entender e a calcular melhor o Ponto de Equilíbrio Financeiro da sua empresa:

1. Busque informações sobre Preços de Produto e Volume

Você deve ter percebido que antes de calcular o PEF da empresa, é necessário ter um profundo conhecimento sobre o volume e o preço dos produtos.

Por isso, se você ainda não abriu o negócio, uma dica é você fazer uma projeção de receitas, principalmente se o custo variável da margem de contribuição do produto ainda é desconhecido.

Como as receitas estão sempre relacionadas com os preços de cada produto multiplicado pelo volume de vendas, então procure pelas informações separadamente (preço e produto).

2. Entenda e separe as despesas fixas das despesas variáveis

Como vimos acima, enquanto os custos e as despesas fixas dizem respeito a tudo o que não varia com o volume (vendido ou produzido), os custos e despesas variáveis variam em função do volume vendido ou produzido, isto é, sofrem alterações de acordo com a quantidade produzida ou vendida.

Quanto maiores forem as vendas / produção, maiores serão os seus gastos. Muitos líderes cometem um erro ao pensar que o Ponto de Equilíbrio Financeiro considera como despesas apenas os custos diretos de produção ou prestação de serviço (como folha de pagamento, impostos, matéria-prima, etc.).

Então, como vimos nos cálculos acima, todos os custos estão inclusos no Ponto de Equilíbrio Financeiro. Para resolver essa questão e calcular corretamente o PEF, entenda exatamente quais são os seus custos fixos e os custos variáveis.

3. Fique atento às limitações do Ponto de Equilíbrio Financeiro

Qualquer indicador financeiro para se administrar uma empresa requer cautela, assim como utilizar apenas uma fórmula matemática para a gestão da mesma. Isso pode levar os empreendedores a tomarem decisões erradas.

Por isso, você precisa estar atento às limitações do PEF. Em primeiro lugar, saiba que ele é um indicador financeiro que é utilizado para o curto prazo, isto é, não prepara a empresa para situações futuras, como eventuais trocas de equipamentos ou reembolsos de provisões, por exemplo.

Portanto, eis as limitações do PEF:

  • É um indicador de curto prazo: é uma fórmula cujas relações e condições operacionais não se alteram no curto prazo. Isso significa que se durante um determinado dia as despesas da empresa se alterarem, você precisa recalcular o PEF. Sempre que um determinado custo mudar, refaça os cálculos.
  • O Ponto de Equilíbrio Financeiro não considera as economias de escala com o aumento da produção, ou ainda o momento da curva no qual os custos variáveis se elevam mais do que a receita (esse efeito é chamado pelos economistas de “lei dos rendimentos descrentes).
  • Uma terceira limitação do PEF é em relação a análise de vários produtos que a sua empresa comercializa. Como o cálculo considera uma margem de contribuição, então é possível trabalhar com a fórmula somente se os diferentes produtos que você vende tenham a mesma margem de contribuição.

Embora existam saídas (como trabalhar em cima de valores médios), não é possível garantir que a proporção de vendas dos produtos no próximo períodos será exatamente a mesma daquela que originou o cálculo inicial.

3. Mantenha o caixa da empresa organizado

Você deve ter percebido, tanto na teoria quanto na prática, que manter o caixa da empresa organizado é fundamental para o crescimento da mesma. E em se tratando do Ponto de Equilíbrio Financeiro, qualquer erro de cálculo ou desorganização nos valores influencia diretamente no valor a ser arrecadado para que a empresa não fique no prejuízo.

Nesse sentido, contar com softwares de gerenciamento financeiro pode ajudar e muito na hora de recalcular os preços e ajustar as despesas da empresa, diminuindo a chance de erros.

4. Estude administração de empresas

A última dica pode parecer clichê, mas o fato é que se especializar e estudar afundo Administração de Empresas é muito importante para todos que querem administrar seus negócios e já colocarem eles no rumo certo mesmo estando no início.

Até mesmo porque o Ponto de Equilíbrio Financeiro não é o único cálculo que os empresários precisam conhecer. Existem outras fórmulas e outros assuntos essenciais para te ajudar a entender como liderar uma empresa em um mercado tão volátil, onde qualquer medida mínima pode influenciar na saúde do seu negócio e na tomada e decisão que você precisará tomar com frequência.

Portanto, se você ficou interessado e quer aprender de forma mais aprofundada como administrar a sua empresa, te convidamos a conhecer os cursos a distância da Ambra College.

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